Já se passaram quatro meses desde a colisão em uma estrada da Ferraria, interior de Piratini destes, 37 dias em um leito do hospital Beneficência Portuguesa, em Pelotas, parte do pós operatório que se prolongou em virtude da aquisição de uma bactéria responsável por impedir a cicatrização do local da cirurgia que amputou a perna esquerda.Mas também neste período, Roberto Garcia, o Carreirinha, 31 anos e motorista da prefeitura, sustentava o mesmo equilíbrio psicológico e alegria de viver visíveis hoje, mas também minutos após o acidente acontecido em 15 de abril deste ano e esta capacidade de superação, surpreendeu os médicos e contagiou e deu forças aos familiares e amigos mais próximos que eram presença constante em contatos diários.
Ao lado da esposa Lilian, e de outros parentes,Roberto recebeu o A 1ª Folha em sua casa no ultimo domingo, 22 e rever as fotos do casamento realizado apenas dois meses antes da colisão da Kombi escolar com um caminhão carregado, eram o programa da família quando a reportagem chegou.
O choque ocorreu quando ele, em virtude de uma queda de ponte,mudou sua rota e rotina para buscar duas crianças que estudavam na escola José Maria da Silveira: “fiz a curva e quando eu vi já tava em “cima” do caminhão. Não houve tempo para nada e só me lembro do pânico que senti quando percebi que a batida era inevitável”, recorda Carreirinha. ”Eu gritei muito por socorro quando vi que minha perna estava presa, gritei muito para o motorista do caminhão me socorrer mas ele demorou a se aproximar”, completa.
No relato que ainda emociona quem o houve, Carreirinha recorda que quando sentiu a perda das forças, rezou para que Deus lhe mantivesse vivo. ”Pedi para não morrer e argumentei que minha mãe e minha mulher precisavam de mim”.Após esse trecho,o clima de bom humor retoma o ambiente. ”Meus amigos brincam que meu medo era deixar viúva nova.”
Lilian, que foi liberada do trabalho durante o pós operatório para estar ao lado do marido, partilha das brincadeiras, mas relata que nem sempre é assim. ”As vezes há momentos difíceis pois nossa vida deu uma giro muito grande e não tenho palavras para descrever o que senti quando eu soube do acidente.
Mas a capacidade de superação de Roberto já deu sinais surpreendentes na chegada do resgate e na certeza de que salvar a perna seria impossível, ao constatar que a coluna estava intacta já foi logo agradecendo a DEUS e no hospital foi o responsável, já que permaneceu consciente,por tranqüilizar a família
Com a alta em 22 de maio,imediatamente ele tratou de começar as sessões de fisioterapia e ao falar do peculiar paciente,o fisioterapeuta Jéfferson Tíbério, que preparou o local da lesão para a futura colocação da prótese que custa cerca de vinte um mil reais e que deverá ser comprada com ações entre amigos, sendo a principal um bingo no dia 17 de outubro e também com a ajuda da prefeitura,não poupa elogios:ele ter chegado aqui com a cabeça boa e com 100% de adesão ao tratamento fez a diferença.O tempo de cicatrização pode ser igual para todos mas o de aceitação da amputação e tratamento depende de cada um e o Roberto é só positivismo”, elogia.
Carreirinha não admite viver longe dos hábitos gaúchos entre eles as provas campeiras e por aceitar a amputação mas não as limitações, já voltou a participar de competições e recentemente, venceu uma prova de tiro de laço, o que foi possível por adaptações que ele mesmo teve a idéia de fazer nos arreios da montaria.
Nael Rosa - Jornal A 1ª Folha