Acusado de tentativa de homicídio é absolvido em Piratini

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Durante boa parte da quarta-feira, 27 de outubro, o salão de festas da Sociedade Recreio Piratiniense, SRP foi adaptado e serviu como Tribunal do Júri para o julgamento de Evandro Gomes, ex-assentado que em 31 de agosto de 2003 desferiu 3 tiros contra o também agricultor Oli Pereira, após uma discussão onde supostamente a vítima teria o acusado de praticar roubos em sua lavoura de milho no Assentamento Fortaleza. Presidido pelo Juiz da Comarca Roger Xavier Leal, o julgamento que teve no Conselho de Sentença quatro homens e três mulheres, atraiu apenas a presença de poucos curiosos permanecendo na assistência durante as quase quatro horas que o júri durou, somente policiais da Brigada Militar, responsáveis pela segurança e a imprensa.
A ausência de debates incisivos entre acusação e defesa contribui para muitos momentos de descontração oportunizados pelo advogado Getúlio Clasen e o Promotor Paulo Gilberto Vieira,ambos de Pelotas. Acusado de tentativa de homicídio por motivo fútil, o réu que hoje tem residência em Porto alegre onde trabalha na construção civil,estava sendo julgado pela segunda vez e na anterior, o julgamento confuso que na mesma sessão o absolveu, foi anulado pela Justiça. As manifestações da Promotoria ao Corpo de Jurados já acenavam para no mínimo uma pena branda. ”Entendo que o acusado não deva ficar em regime fechado,mas acho que merece um puxão de orelhas, uns 4 anos como punição, afinal a vítima ficou com  debilidade permanente em uma das mãos em virtude dos ferimentos.”, defendeu o Promotor. 
Mais tarde, ao usar a réplica,novamente o representante do Ministério Público suavizou: ”Peço aos jurados  que retire a qualificadora de motivo fútil e que o réu seja condenado apenas por tentativa de homicídio simples com uma pena mais branda e assim  reflita sobre que fez”, disse Paulo Gilberto, argumentando sua opinião pela ausência de perigo por parte do réu a sociedade. ”Reconheço um bandido e quando isso ocorre me empenho em trancá-lo mas hoje aqui não é caso. Este homem está apavorado e já está pagando pelo que fez. Basta olhar em seus olhos para perceber isso”, completou. Mesmo diante dos pedidos do Promotor, o advogado Getúlio Clasen não abandonou a tese defendida e alegando legítima defesa , pediu a absolvição de seu cliente, o que conseguiu pelo placar apertado de 4x3, anunciado no início da tarde e que provocou no acusado forte emoção. Chorando, Evandro apenas se limitou a dizer a reportagem: ”acabou esse pesadelo. A justiça foi feita e agora vou cuidar da minha vida e da minha família”.

Nael Rosa - Jornal A 1ª Folha
 
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