Agricultores interrompem RS 702 em protesto a violência no trânsito

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Grande parte das 74 famílias residentes no Assentamento 8 de Maio, localizado às margens da RS 702, rodovia que liga Piratini à BR 293 e demais município da região, paralisaram por duas horas o trecho que fica há 27 quilômetros da zona urbana e onde no sábado passado, 27 de novembro, a estudante Daniele Tessari Faller, de  11 anos,foi atropelada e morta por um carro de funerária quando atravessa a estrada. Cartazes e faixas com frases de protesto contra violência e impunidade para crimes no transito,falta de sinalização e, de apoio à família que mora há trinta metros do asfalto, os manifestantes realizaram um ato silencioso sob a supervisão da Polícia Rodoviária Estadual. Depois de observarem os familiares de Daniele  escreverem no asfalto frases  como: ”justiça” e, ame a vida por favor!”, as cerca de cem pessoas participantes rezaram pela alma da estudante em um culto ecumênico. Durante o ato, a irmã mais velha da vítima, ”Débora Faller, 18 anos, que estava viajando quando o atropelamento aconteceu, se emocionou ao pintar uma cruz exatamente no ponto onde o corpo de Daniele parou após ser atingida pela Santana Quantum, placas AGH 6380, conduzida por Eduardo Salomão Corral, 27 anos e motorista da funerária. ”Estamos revoltados. A dor nunca vai passar e cada vez que eu vir o ônibus da escola passar,vou ter a sensação que minha mana está chegando para o almoço”, disse Débora que não via a irmã há três meses. ”Não há  punição porque quem faz a  legislação também mata e se eles sentissem a nossa dor,isso não aconteceria”, completa. Bastante emocionada, a mãe, Lucilda  Faller, 38 anos, fez um pedido para quem vai ao  volante: ”peço a todos os motoristas do Brasil que parem com essa loucura provocada pela alta velocidade. Queremos justiça, mas para esse rapaz que matou minha filha, desejo que nunca tenha esse tipo de perda e sinta essa dor que eu estou sentindo.Somente isso”, falou a mãe, agarrada a foto da filha que segundo ela, era especial, aluna de notas altas na escola e prestativa. “Tudo que a Dani era de bom vai ficar somente na nossa lembrança. Foi muito rápida a permanência dela com a gente, só 11 anos”, entre lágrimas,lamentou para em seguida se juntar ao marido João Batista e ao casal de filhos que lhe restou, Débora e o pequeno Rafael de 10 anos e todos de mãos dadas, postaram-se ao lado da cruz pintada na RS para lembrar a filha e irmã que se foi.

Nael Rosa - A 1ª Folha
 
Piratini.net