Casal ganha vida limpando quintais

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Quando a vida dura da lavoura que para muitos que trabalham de peão não oferece nenhuma perspectiva de viver com dignidade mostrou não ser suficiente, a tesoura de poda, a máquina de cortar grama e a enxada, foram a saída na conquista de dias melhores para o casal Altensor Aguiar de Souza, 50 anos e Gloria Schmiiakon Dumer, 58, que principalmente com a proximidade do verão, se desdobram para atender tantos chamados vindos de uma clientela que nesta época cresce consideravelmente a cada semana.

Há três anos, transformar quintais onde entulhos, tralhas e grama em excesso impedem atividades de lazer das famílias, em um local limpo e agradável, é a especialidade da dupla que em 2009 entre os meses de outubro e abril, segundo eles a safra para este tipo de atividade,atingiram a marca de 140 residências atendidas. ”A vida na lavoura fazia com que nós não tivéssemos nem mesmo uma casa para morar e agora o nosso canto já está pronto. Conseguimos ganhar somente com a limpeza de pátios em torno de R$ 200.00 em nove atendimentos por semana” conta Glória à reportagem mas sem interromper a poda de uma roseira, toque final para deixar mais um cliente satisfeito.

“Somos requisitados por muita gente e de todas as classes. Advogados, médicos, empresários e também por pessoas comuns como nós,mas que por possuírem condições financeiras, preferem pagar para ter a grama aparada e o quintal limpinho”, completa Altensor, com a máquina movida a gasolina e que facilita o corte da grama, presa ao corpo, um dos investimentos feitos por eles e que oportuniza uma qualidade melhor das tarefas em bem menos tempo.

Hoje o casal já construiu a casa própria e construiu no sentido rela da palavra já que os tijolos usados para erguer os cinco cômodos ganharam forma pelas próprias mãos, na olaria comunitária da cidade que deram forma as paredes num mutirão familiar.

De maio a setembro, meses em que os chamados diminuem, Glória e Altensor que entre namoricos, idas e voltas, já estão juntos há 16 anos e tem três filhos, não se fazem de rogados. ”Eu volto para a zona rural fazer arames trabalhando de alambrador”, disse ele. ”Eu faço o que surgir para fazer. Se chamarem a mim ou a nós para descarregar um caminhão de lenha, lá estaremos. Fazemos de tudo”, garante Glória.
 
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