Motorista morre atropelado por amigo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Informações afirmam que Leomar de Souza Santos, 24 anos e Luis Eduardo da Silva, 41, eram bem mais que colegas de trabalho e irmãos de asfalto, linguagem comum entre os caminhoneiros para definir a união da categoria.

Mas uma fatalidade fez dos amigos, personagens de uma tragédia na manhã da terça-feira, 1º de dezembro, em umas das florestas de pinus, pertencente à Serraria Radtck & Cardoso, empresa do pólo madeireiro de Piratini, localizada no 4º distrito e distante 38 quilômetros da sede.

Enquanto conferia se a carga de toras de madeira estava bem amarrada, Leomar, que trabalhava na empresa há três anos e recentemente havia sido promovido à motorista, foi prensado contra seu veículo pelo caminhão do próprio amigo quando este realizava uma manobra de rotina.

Ao ouvir os gritos, Luís percebeu o choque e através do rádio, deu o alerta de socorro aos demais motoristas para após usar o próprio caminhão na condução do ferido até um outro carro da empresa que levou Leomar desacordado ao encontro da ambulância, já no bairro Cancelão que também integra a zona rural do município.

Atingido no tórax, a vitima não resistiu aos ferimentos e deu entrada já sem vida no Pronto Atendimento.

Num clima de grande comoção, Leomar foi sepultado na manhã do dia seguinte no Cemitério Municipal com a presença da família, colegas de trabalho e membros da comunidade do Cancelão, onde morava e de quem ganhou o carinhoso apelido de Negão.

Agarrada a bandeira do Grêmio, time do coração do marido, a esposa Sharlene Madruga lamentava a perda junto a filha de um ano e dez meses do casal, pra quem eles começariam os preparativos de aniversário muito em breve.

Proprietária reclama da demora do socorro - Após o sepultamento, Liane Radtck Cardoso,proprietária da empresa onde o fato ocorreu, fez contato com a reportagem e manifestar-se sobre o acidente. Em sua casa, e ao lado do marido Altair, a empresária reclamou da demora da ambulância para se deslocar após ela ter informado ao Pronto Atendimento sobre a situação e sua gravidade. Liane garante que a ambulância levou em torno de cinqüenta minutos para partir em direção ao local,fato que segundo ela foi decisivo para a morte do funcionário ”Nossa dor enquanto patrões e pela estima que tínhamos por ele é que se tivesse sido atendido a tempo, talvez não perdêssemos essa vida. Queremos que os fatos em torno do acidente sejam esclarecidos mas levar cinqüenta minutos para sair da cidade é algo incompreensível diante da urgência informada por mim várias vezes através do telefone”, protesta ela que vai mais além: ”levamos ele desacordado ao posto de saúde da Agrofil e o que encontramos foi um cadeado na porta. O posto tá lindo mas de nada adianta fechado”, reclama a empresária.

Hospital e Secretaria se defendem e negam negligencia - Procurado pela reportagem, o diretor do Hospital Conceição de Piratini, Laerto Farias, e onde o P.A funciona em anexo, rebateu a acusação de negligencia feita pela proprietária da serraria com relação ao tempo que a ambulância teria levado para dar início ao deslocamento. Para comprovar a versão da entidade, Farias apresentou a ficha de ocorrência que segundo ele, comprova que entre o chamado, ás 10:50 e a saída para o local, às 10:58, não mais que oito minutos foram usados. “O livro de ocorrência confirma que não houve nada de anormal”, afirma o diretor.

Com relação ao Posto de Saúde da Família, PSF da Agrofil estar fechado, o Secretário Municipal de Saúde Diego Espindola, o médico Roque Prestes, a administradora responsável pelo órgão, Michele Dummer e a técnica de enfermagem Angélica Porto, que integram parte da equipe de atendimento, esclareceram que isso está dentro da normalidade já que a unidade é para procedimentos de prevenção e não para emergências pois nem mesmo está equipada para esse tipo de ocorrência e que os atendimentos são realizados em dias específicos quando a equipe médica e outros profissionais da área de saúde lá comparecem e atuam.

Dr. Roque Prestes, comentou sobre a falta de segurança do pólo madeireiro, assunto que voltou a ser foco das discussões com o incêndio no mês de outubro e que queimou uma grande área de pinus.

”Esse tipo de assistência ou seja,socorro imediato, numa extensa área de cultivo como foi o caso, segundo a Lei, deve ser feito pela empresa que deve manter uma estrutura médica permanente de plantão para socorrer seus funcionários, mas a realidade desse pólo é que todos trabalham sem as mínimas condições de segurança previstas e exigidas pela legislação. Existe a possibilidade de até mesmo a maneira como o motorista foi removido, ter ocasionado um agravamento de seu estado e posteriormente o óbito”, lembrou Prestes. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso.
 
Nael Rosa - A 1ª Folha
 
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