Uma década de presença no cotidiano dos ouvintes

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

         O timbre de voz forte e ao mesmo tempo convidativo do comunicador Nael Rosa, 39 anos entra no cotidiano de milhares de ouvintes da Zona Sul – área de alcance da rádio Nativa FM de Piratini – em dois horários diários. O pinheirense completou dez anos de trabalho na emissora no último dia 7 e está a frente dos programas Bom dia Nativa (manhã) e Clube dos Namorados (noite). 
         Com um perfil excêntrico, despojado e até mesmo debochado, o comunicador comemora esta década de trabalho. “Hoje em dia é muito difícil um profissional permanecer na mesma empresa por tanto tempo. Se é muito bom, em seguida recebe propostas de outras emissoras e se não é, acaba demitido. Acho que não me encaixo em nenhuma das duas situações”, analisa o profissional com muito bom humor. 
           Nael Rosa afirma que “não se vê fora da comunicação, seja qual for a maneira” e recorda que tudo começou no ano de 2000, quando trabalhava em um jornal local em Pinheiro Machado e quando estava cobrindo o aniversário da cidade, foi convidado pelo próprio diretor presidente da empresa radiofônica,  Ildomar Joanol para  ingressar na emissora. Foi então, em janeiro de 2001, incentivado pela família que o comunicador, animador e apresentador de FM começou a trajetória Nativa, estreando com o programa dominical Estação 93. O comunicador ressalta que foi um desafio, pois estava a frente de um horário que poucos acreditavam que daria certo por concorrer direto com o Fantástico. A apresentação contou com a parceria do colega Bigo Pinheiro. “Fomos  responsáveis por uma revolução na maneira de interagir com os ouvintes, com ligações ao vivo a cada música. Um formato que congestionava as linhas da rádio”, relembra, contando que era muito divertido o trabalho. “Foi o laboratório que moldou meu estilo de fazer rádio e deu tão certo, que as pessoas até hoje lembram as histórias marcantes que pelo programa passaram. Foi minha escola”, enobrece.
           A comunicação foi descoberta por Nael Rosa aos 27 anos, sendo que até então não tinha o hábito sequer, de ler jornal ou prestar atenção em programas de rádio. O comunicador, em um importante passo profissional, passou em 2010, também a integrar a equipe de jornalismo do Jornal A1ªFOLHA de âmbito regional, onde atualmente concilia a comunicação impressa com a oral. 
O profissional acentua que está ciente que será praticamente impossível ficar no ar mais dez anos. “A linguagem usada em rádio muda com uma velocidade muito grande limitando a permanência nas emissoras de freqüência modulada.  Minha grande paixão é o jornalismo então estou pronto para migrar para o AM onde não há idade limite e por ser o mais velho do time em atividade,realizo constantes trabalhos para a Radio Gaúcha da qual a  Nativa é afiliada e isso conta muito para o currículo”, vislumbra. 
Paixão e momentos inesquecíveis“Rádio é algo que vicia”. Resume Nael Rosa que se encanta diariamente com a possibilidade de poder participar e até mesmo invadir a privacidade  das pessoas. “É mágico e  me trouxe muitas coisas boas nestes dez anos”, recorda, citando as campanhas solidárias, a aproximação ou reaproximação de corações no Clube dos Namorados, assim como ter o poder de fazer rir e chorar amigos que talvez nunca conhecerá mas que mantêm diariamente uma sadia intimidade. “É uma condição social que me propicia a abertura de novas portas constantemente e é claro, um melhor padrão de vida”, define. 
Ainda através das ondas da Nativa, o pinheirense agora morador de Piratini, diz que é possível manter os laços com a cidade. “Mesmo que eu receba dezenas de ligações todos os dias de Pinheiro, não consigo pela falta de tempo, estar entre eles da maneira que eu gostaria, mas a emissora nos aproxima”, ameniza. 
         Entre as muitas situações marcantes, ou por serem engraçadas e até mesmo trágicas, o comunicador lembra que, no início de 2010, uma ouvinte moradora do interior de Piratini e que tinha limitações físicas causadas por uma sequência de isquemias, ligava quase que diariamente para o programa dele, para dizer que o maior sonho era conhecê-lo pessoalmente. “Ela dizia que eu era a única companhia todas as manhãs, o que fez novamente na véspera do Dia internacional da Mulher. Na data, fiz uma homenagem a ela e prometi que  finalmente naquele fim de semana, iria visitá-la. Quando fechei o  microfone, o telefone tocou e do outro lado da linha, alguém me informava que ela havia falecido minutos depois que havia falado comigo. Perdi a linha e levei alguns dias para retomar o pique do programa”, conta com emoção o radialista, ao concluir que a vida em rádio proporciona vivências inesquecíveis e, inclusive lições de vida como essa, na qual aprendeu que não se podem adiar ações principalmente quando elas envolvem uma outra pessoa, que dias depois pode não mais estar entre nós.

Nadiane Momo - A 1ª Folha
 
Piratini.net