No ano passado em Piratini, já houve relatos e registros de pessoas que foram aterrorizadas com a prática de falso seqüestro, crime onde bandidos, geralmente de dentro de um presídio, tentam extorquir as vítimas anunciando que um familiar se encontra em poder deles e exigem um resgate para a libertação sob a ameaça de execução.
No último sábado, as quadrilhas voltaram a agir e foram responsáveis por cinco tentativas de extorsão que colocaram pessoas idosas em situação de pânico por acreditarem que seus filhos haviam sido capturados.
A reportagem do 1ª Folha conversou com duas dessas famílias que passaram momentos de desespero e terror psicológico até descobrirem que tudo era uma grande farsa.
Eram 21h00min de sábado, quando o telefone tocou em uma das residências da Avenida 6 de Julho e ao aceitar a ligação a cobrar, a aposentada Zaíra Pereira, de 67 anos, ouviu de uma voz masculina que sua filha Fabiana estava em poder dos bandidos e para confirmar a informação, os bandidos passaram o telefone para sua suposta filha que em prantos disse: ”mãe,estou dentro de um carro com dois homens armados,me ajuda!”
A mãe conta que o desespero foi enorme já que não foi possível pelo conteúdo e por se tratar de uma filha, analisar e se dar conta de que a voz não pertencia a Fabiana Pereira.”Entrei em pânico já que eles ameaçaram matar ela.”,contou.
Foram três ligações e na segunda, o pai de Fabiana, Carlos Raimundo Pereira,76 anos, tentou ganhar tempo e negociou com os bandidos que pediam R$ 30.000.00 (trinta mil reais) para libertá-la em caso de não cumprimento confirmaram que a filha seria morta.”Ofereci três cheques é claro que sem fundos já que não possuo esses valores para eles soltassem nossa filha”, conta o aposentado.
Ao acionar o genro e o filho, ambos policiais militares, a farsa foi descoberta quando os pais foram informados que a filha estava bem e naquele momento em uma festa.”Quando eles ligaram outra vez para acertarem a entrega do valor,meu filho atendeu e como a Fabiana estava ao nosso lado,mandou que eles a executassem, então perceberam que havíamos descoberto a mentira e o drama acabou.”,completou o pai.
Um pouco mais tarde, por volta das 23:00hs, a vítima foi o comerciante Tailor Mota Lopes, 80 anos, que foi acordado pela ligação com o mesmo conteúdo.”Uma mulher do outro lado da linha chorava muito e me chamava de pai informando que estava sendo assaltada e seqüestrada e o homem exigia 30.000,00 para não matá-la.”, relatou o comerciante à nossa reportagem.
Tailor também negociou com os bandidos e conseguiu baixar o valor para 3.000,00 para impedir que a filha, Débora Oliveira Lopes, que mora em Pelotas, não fosse executada.
Com a ajuda da irmã que é sua vizinha e ao acionar a polícia, a filha foi localizada e mais uma vez o falso sequestro não deu certo.
Ligamos para o número que ficou salvo no sistema de bina do telefone do comerciante e este foi constatado inexistente.
Nael Rosa - Jornal A 1ª Folha