Tragédia: menina de 11 anos morre atropelada na RS 702

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Na saída do Cemitério Luterano,já no início da noite do domingo,a vizinha Denise Lorenzetti externou que não pretende mais comemorar seu aniversário. A decisão foi motivada pela morte da amiga de apenas 11 anos, que precocemente, teve morte instantânea ao ser atropelada quando atravessava o km 05 da RS 702 por volta das 14:30 hs do sábado, quando ia oferecer ajuda para o feitio do bolo no dia em que Denise completava 18 anos.

Alegre, dinâmica e voluntária, assim as amigas descreveram a aluna e participante da banda da escola Vieira da Cunha, Daniela Tatiane Tessari Faler,filha do meio do casal de agricultores João Batista, 40 anos e Lucilda Faler, que foi colhida pela Santana Quantun, placas AGH 6380, de propriedade de Funerária São José, Piratini, conduzido pelo motorista Eduardo Salomão Corral, 27 anos.

Após o choque, o condutor que conforme informações, marcas no asfalto e medições do Instituto Estadual de Perícias, freando arrastou o carro por mais de 70 metros, permaneceu desorientado no local e diante da possibilidade de linchamento por parte dos moradores na entrada do Assentamento 8 de Maio, 5º distrito, foi aconselhado por populares e também por policiais, a retirar-se em virtude do clima de revolta que tomou grande parte das 74 famílias residentes há 25 quilômetros da cidade. ”O pessoal queria linchar ele mas acalmamos os ânimos argumentando que isso não a traria a menina de volta”, contou um assentado à reportagem.

Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e uma guarnição da Brigada Militar, chegaram rapidamente e bloquearam o transito para que os peritos realizassem o trabalho, de perícia, situação responsável por indignar os presentes que não entendiam a demora para retirar o corpo sem vida da menina estendido no asfalto por mais de quatro horas. ”Eu vi que era a Dani ao olhar de longe e reconhecer suas roupinhas.Não acredito que minha filha tá morta”, contou Lucilda, ao 1ª Folha em meio ao desespero.

Com o olhar no vazio, o pai João Batista quase nada falava. Imóvel, em estado de choque,do pátio da residência localizada há pouco mais de 30 metros, olhava fixamente para a rodovia, talvez buscando uma explicação para a perda brutal da filha que ainda estava ali, debaixo de um sol escaldante.

Ao contrário,o tio Gilson Faler, 39 anos, não se calava. ”Fazem quinze anos que moramos aqui e acidentes são comuns.Sinalização não existe e os motoristas abusam e não passam neste trecho a menos de cem por hora”, protestava Gilson. ”Há muitas crianças no assentamento que diariamente atravessam a faixa. O motorista vinha em alta velocidade e essa tragédia já era esperada.Queremos justiça e providencias!”, completa.

Durante o velório realizado na tarde do domingo, a irmã, Débora, a beira do caixão interrompeu a cerimônia e entre lágrimas também protestou:”quero que fique aqui registrado que minha irmã foi vítima da situação absurda deste país, que por causa da burocracia e impunidade deste sistema que pune somente os pobres pois se tivéssemos dinheiro,ela não teria ficado jogada por horas no asfalto e depois no IML”, disparou Débora, referindo-se também a demora por parte do Instituto Médico Legal, para a liberação do corpo,o que só aconteceu as 14 hs de domingo.

O proprietário da funerária São José, Francisco Ulguim Cordeiro, mostrando-se muito abalado disse que vai se manifestar sobre o trágico episódio mas que no momento não tinha condições.

O motorista Eduardo foi atendido no Pronto Socorro local estado de choque, situação que permanecia mesmo não tendo ficado internado, até a noite do domingo, conforme informações.
 
Nael Rosa - A 1ª Folha
 
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